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sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

SALAZAR

Em 1908 D. Carlos e o príncipe D. Filipe são assassinados pelos revolucionários; dois anos mais tarde proclama-se a república.
Em 16 anos Portugal teve 43 gabinetes, 20 sedições e oito presidentes dos quais três renunciaram, um foi deposto e outro assassinado.
Em 1926 um golpe militar em Lisboa pôs fim ao regime Parlamentar.
Alguns dias mais tarde um automóvel cheio de oficiais chegou à pacífica aldeia de Vimieiro entre pinheiros e oliveiras. Aí na sua aldeia natal Salazar de 37 anos professor de finanças e economia politica da Universidade de Coimbra passava as férias, na companhia da sua mãe.
- Precisamos de um Ministro das Finanças que seja honesto, inteligente e corajoso, disseram os oficiais. Achamos que o Senhor é o homem indicado.
Salazar sacudiu a cabeça.
- Minha mãe está muito doente. Não posso deixa-la.
Os oficiais insistiram e ele consultou a mãe.
- Aceita meu filho, disse ela. Se eles vieram até aqui, quer dizer que precisam de ti.
Salazar foi a Lisboa decidido a administrar as finanças publicas tal qual sua mãe dirigia a sua economia doméstica, nunca dispendendo mais do que se ganhava. Mas em cinco dias apenas ele compreendeu que não lhe seria possível pôr em prática esta norma antiquada e voltou para Coimbra. Completamente destituído de qualquer ambição pessoal.





Sentia-se feliz junto dos seus alunos em Coimbra.

Dois anos depois os militares voltaram novamente a bater-lhe à porta. Tinham restabelecido a ordem, mas continuavam incapazes de resolver os problemas financeiros do país. Salazar concordou com a sua nomeação para Ministro das Finanças, com a condição de que só ele seguraria os cordões da bolsa do governo. Em Abril de 1928 foi para Lisboa e por lá esteve a governar este país durante 48 anos.
« O Primeiro Ministro Salazar é

Um homem simples, um místico devotado a Deus e aos números e à sua Pátria»

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A gente se confessaria a Salazar. Seriamos capazes de lhe confiar toda a nossa fortuna sem

exigir recibo, mas detestaríamos tê-lo como examinador»

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Se eu morresse como presidente seria enterrado com pompa no Santuário do Mosteiro dos Jerónimos. O meu desejo é ser enterrado na minha terra junto dos meus pais»

O célebre soneto de Plantin « Le bonheur de ce monde»que continua a ser reproduzido no preto primitivo e era uma das raras molduras que animavam as paredes frias do escritório de Salazar.


O soneto que ele copiou pela sua mão;


Seria assim o viver simples que idealizou para si; como: ter uma casa cómoda limpa e bela. Um jardim florido e um quintal com bom vinho e árvores de fruto onde brincassem crianças e uma esposa fiel, viver sem ambições e devoção. Conservou o espírito livre e esperou na sua casa docemente a morte.

Esquerda: Campa Aberta à espera do caixão do Dr. Salazar a pessoa que se debruça é o professor Nicolau Firmino;
Direita: Homenagem a Salazar no dia 29 de Abril 2006



Cristine Garnier, que escreveu o célebre livro « Férias com Salazar»



Esquerda: Salazar caminhando junto de Cristene Garnier, na Quinta das Ladeiras, no Vimieiro; Direita:Salazar caminhando com Maria Antónia;

Esquerda:As pupilas de Salazar, Micas e Maria Antónia, familiares da Maria, sua governanta; Direita: «Onde a terra se acaba e o mar começa»;

Esquerda: Salazar lendo as noticias; Direita: «Sentei-me à sombra de um carvalho numa rocha em forma de banco»

Em cima: Casa de férias de Salazar, no Vimieiro; Em baixo: Residencia de Salazar em Lisboa;



Esquerda: Santa Comba Dão, a Ribeira e ao fundo a igreja; Direita: À saída da missa, na igreja de Santa Comba Dão



























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VIMIEIRO - SUAS HISTÓRIAS E VIVÊNCIAS

Quem seria a pobre velha que se chamava Jacinta Pena?
Foi sem dúvida uma habitante do Vimieiro, que os anos enterraram no esquecimento. A velha Jacinta Pena, lá nos anos de 1915, vendia na estação dos Caminhos de Ferro, tabacos, pirolitos, águas das nossas fontes, frutos dos nossos pomares. Fez o último comboio e meteu-se a caminho, de trémulos passos, na estrada enlameada, numa noite de bréu. Guiava-a uma lanterna e dezoito tostões no bolso. Nessa noite de bréu, teve um mau encontro, em plena estrada um pouco acima as casas que marginam a via pública quase em frente do caminho que dá ingresso para o Vimieiro. Aí foi cercada por ladrões que lhe roubaram o produto do dia de trabalho que foram os dezoito tostões e a lanterna que a alumiava.
Por aqui passou um ser impar de bondade, o espanhol D. Salvador Cabanes Torres, que foi um mártir. Católico fervoso, D. Salvador foi gerente da fábrica de Serração C. Dupin e Companhia, aqui no Bairro da Estação. Era casado com D. Pura Burguete Cabanes Torres, uma senhora que na capelinha do Sr. da Agonia rezava o terço em espanhol com a comunidade do Vimieiro. Os seus três filhos chamavam-se: Jesus, Maria e José.
Este senhor ajudou o meu avô materno, Salvador Rodrigues de Sá, a morrer ainda na flor de idade, quando a vida se lhe apresentava risonha e repleta de felicidade. Apertava a mão do meu avô e na outra segurava o crucifixo dando-lhe força e alento na sua passagem da vida para a morte e dizia: "força xará".
Nicanor, um filho desta terra, e filho também da costureira Srª. Maria dos Anjos chamou-lhe "um simpático cavalheiro que entre nós conta com as melhores simpatias" (27 de Outubro se 1927).
Na sexta-feira, dia 15 de Janeiro de 1929, partiu no comboio correio da manhã, perante uma sentida e derradeira despedida, dos amigos.
De Valência, Espanha, terra da sua naturalidade, mandou 14 lindas estampas alusivas à Vida de Cristo, representando a Via Sacra e medindo cada uma delas, impressas na Alemanha, 0.65*0.39, que ofertou à Igreja Matriz de Santa Comba Dão. Para a Banda Santacombadense enviou as músicas, "La Fiesta Valenciana", "El Falero Serrano", a "Cancion del Soldado" bem como muitos livros para a biblioteca Alves Mateus.
Este senhor D. Salvador e seu filho, D. José Cabanas Torres, foram mártires da Guerra Civil espanhola, pois foram fuzilados em Valência quando os marxistas desencadearam uma luta violenta contra a Igreja e os seus filhos. (1936-1939).
D. Salvador e o seu filho, não se deixaram intimidar pelas ofensas, os insultos, a morte e percorreram o caminho da cruz, para exprimir o maior testemunho aceitando voluntariamente o martírio. Aqui, não se esqueceram das suas mortes e mandaram-lhe rezar uma piedosa missa. A casa onde viveram e que foi feita especialmente para esta família, lá esta na rampa da padaria olhando o casario de Santa Comba, os caminhos de ferro, a paisagem verdejante e as janelas onde D. Pura chamava os seus filhos: Jesus,... Maria ... José ...
Vimieiro
Elsa Silvestre do Amaral

Benemérito-Escola Cantina Salazar 1946

Benemérito-Escola Cantina Salazar 1946

Fontanário do Vimieiro 1950

Fontanário do Vimieiro 1950

Bairro da Estação, 28 de Agosto de 1927

Bairro da Estação, 28 de Agosto de 1927

Santa Cruz 1956

Santa Cruz 1956