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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

A Farmácia Monteiro



As empresas que fizeram grande o Vimieiro mas que as circunstâncias foram fechando e esta terra ficou mais empobrecida.
A Farmácia Monteiro
Que atravessou nesta localidade todo o Século XX. Fundada no principio do Século pelo Sr. Paiva, um homem do Norte que se dizia com grande experiência adquirida nas farmácias do Porto e Lisboa. Nesta época os medicamentos eram praticamente manufacturados na própria farmácia. Eram as hóstias , os supositórios, as Pílulas de ópio, os xaropes, as loções. A farmácia era um verdadeiro laboratório e entre balanças de precisão, almofarizes e tubos de ensaio faziam-se nos tempos idos o xarope de quina e ferro fosfatado com arnal para a anemia. Fostamiodo Pais de Paiva para a escrufulose. Pulmonofostol Pais de Paiva para a tuberculose. Nermifugo vegetal para os vermes.Injecção infalível para as blenorragias. Calicida Pais de Paiva para os calos. Maravilha do cabelo, para a queda do cabelo. E o Silva dentista vinha regularmente executar na farmácia Paiva, na estação, todos os trabalhos da sua especialidade.
E o Sr. Paiva, era um senhor distinto que fumava cachimbo tinha também ao lado na casa que ele mandou construir uma loja de panos, mercearia e venda ainda de caixões. Como tinha bom coração oferecia alguns para os indigentes que faleciam.
Era casado com a D. Júlia, professora de piano que em 1918 leccionou a D. Hortense Marques Viegas de Vila de Barba para o exame do 3º ano do conservatório de Lisboa que concluiu com brilhante classificação.
Depois o Sr. Paiva vendeu a farmácia ao Sr. Monteiro um homem do Norte que deu o nome à farmácia até aos dias de hoje.
A Farmácia Monteiro mudou-se para a cidade de Santa Comba Dão e a porta que durante um Século se nos abriu, fechou-se para sempre.
(Foto: Sr. Monteiro)
 
O fundador da primeira farmácia, no Vimieiro, Senhor Paiva e sua esposa professora de piano, D. Júlia



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VIMIEIRO - SUAS HISTÓRIAS E VIVÊNCIAS

Quem seria a pobre velha que se chamava Jacinta Pena?
Foi sem dúvida uma habitante do Vimieiro, que os anos enterraram no esquecimento. A velha Jacinta Pena, lá nos anos de 1915, vendia na estação dos Caminhos de Ferro, tabacos, pirolitos, águas das nossas fontes, frutos dos nossos pomares. Fez o último comboio e meteu-se a caminho, de trémulos passos, na estrada enlameada, numa noite de bréu. Guiava-a uma lanterna e dezoito tostões no bolso. Nessa noite de bréu, teve um mau encontro, em plena estrada um pouco acima as casas que marginam a via pública quase em frente do caminho que dá ingresso para o Vimieiro. Aí foi cercada por ladrões que lhe roubaram o produto do dia de trabalho que foram os dezoito tostões e a lanterna que a alumiava.
Por aqui passou um ser impar de bondade, o espanhol D. Salvador Cabanes Torres, que foi um mártir. Católico fervoso, D. Salvador foi gerente da fábrica de Serração C. Dupin e Companhia, aqui no Bairro da Estação. Era casado com D. Pura Burguete Cabanes Torres, uma senhora que na capelinha do Sr. da Agonia rezava o terço em espanhol com a comunidade do Vimieiro. Os seus três filhos chamavam-se: Jesus, Maria e José.
Este senhor ajudou o meu avô materno, Salvador Rodrigues de Sá, a morrer ainda na flor de idade, quando a vida se lhe apresentava risonha e repleta de felicidade. Apertava a mão do meu avô e na outra segurava o crucifixo dando-lhe força e alento na sua passagem da vida para a morte e dizia: "força xará".
Nicanor, um filho desta terra, e filho também da costureira Srª. Maria dos Anjos chamou-lhe "um simpático cavalheiro que entre nós conta com as melhores simpatias" (27 de Outubro se 1927).
Na sexta-feira, dia 15 de Janeiro de 1929, partiu no comboio correio da manhã, perante uma sentida e derradeira despedida, dos amigos.
De Valência, Espanha, terra da sua naturalidade, mandou 14 lindas estampas alusivas à Vida de Cristo, representando a Via Sacra e medindo cada uma delas, impressas na Alemanha, 0.65*0.39, que ofertou à Igreja Matriz de Santa Comba Dão. Para a Banda Santacombadense enviou as músicas, "La Fiesta Valenciana", "El Falero Serrano", a "Cancion del Soldado" bem como muitos livros para a biblioteca Alves Mateus.
Este senhor D. Salvador e seu filho, D. José Cabanas Torres, foram mártires da Guerra Civil espanhola, pois foram fuzilados em Valência quando os marxistas desencadearam uma luta violenta contra a Igreja e os seus filhos. (1936-1939).
D. Salvador e o seu filho, não se deixaram intimidar pelas ofensas, os insultos, a morte e percorreram o caminho da cruz, para exprimir o maior testemunho aceitando voluntariamente o martírio. Aqui, não se esqueceram das suas mortes e mandaram-lhe rezar uma piedosa missa. A casa onde viveram e que foi feita especialmente para esta família, lá esta na rampa da padaria olhando o casario de Santa Comba, os caminhos de ferro, a paisagem verdejante e as janelas onde D. Pura chamava os seus filhos: Jesus,... Maria ... José ...
Vimieiro
Elsa Silvestre do Amaral

Benemérito-Escola Cantina Salazar 1946

Benemérito-Escola Cantina Salazar 1946

Fontanário do Vimieiro 1950

Fontanário do Vimieiro 1950

Bairro da Estação, 28 de Agosto de 1927

Bairro da Estação, 28 de Agosto de 1927

Santa Cruz 1956

Santa Cruz 1956